terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Rua da belavista

Vejo lá ao fundo o muro onde te sentavas mais a paisagem que se estendia no além por detrás.
Vejo muito fortes as cores de desejos e de amores partilhados nos corpos pressionados contra aquela divisão de tijolo entre o coração e o miolo que acabava sempre por nos esconder apaixonados no proibido lado de lá.

Hoje não vejo ao fundo, onde esta rua acabava, a silhueta que eu ansiava ali encontrar, agora que só me resta imaginar-te ali sorridente e por detrás o horizonte, magnífico, exposto a nu.

Agora vejo lá prédios e uns quantos quintais. Mas naqueles dias só existias tu.

E absolutamente nada mais.

4 comentários:

Artemisa disse...

Muitas vezes só vemos aquilo que queremos ver...e as emoções toldam a nossa visão...
Não deixa de ser agradável por vezes...uma ilusão agradável, mas mesmo assim, uma ilusão...

CatDog disse...

Miragens, simples miragens.
Mas em pleno deserto podem oferecer aos caminhantes a força da esperança necessária para a respectiva salvação.
Isto tudo para dizer que por vezes uma ilusão pode constituir-se solução alternativa, de recurso.

E é sempre bom sonhar.

Artemisa disse...

Não era uma crítica :)
Eu passo a vida a sonhar acordada.

CatDog disse...

Nem eu o entendi como tal. :-)
Quis apenas reforçar a ideia e "limar" aquilo que me pareceu menos optimista e mais "terra a terra" da tua opinião.

Eu sonho. Demais, até. ;-)