A noite fria de um inverno tão seco como a última expressão que me dirigiste, no dia em que decidiste abraçar um modo hostil.
Escuto a sirene à distância, de uma apressada ambulância que transporta alguém para a urgência hospitalar onde tentarão reanimar um coração em colapso final. Pessoa conhecida, anciã solitária numa caverna situada num edifício qualquer. Revela-se essa realidade pela boca de um mirone de circunstância, atraído pela ambulância que implica a desdita de que se quer testemunha, a plateia sempre apinhada de quem parasita o sofrimento alheio para minorar um pouco o seu, por comparação ou ainda pior.
O mesmo critério que aplicaste ao amor que não te neguei até ao momento em que deixei cair a vontade nos braços de um fantasma em que tornaste a relação que elogiaste enquanto o coração te guiou.
Depois, na prática, parou e a cabeça logo tomou as rédeas da tua loucura e impôs a ditadura do boçal, reduziu-te a uma pessoa banal das que compõem esta multidão que se acotovela para sorver a desgraça alheia sem qualquer sinal de perturbação.
Tão fria, a multidão, como a tua atitude que recordo nesta noite em que a rua, agreste, me presenteia com a imagem de outro fim.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
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2 comentários:
Gostei do paralelismo. É mesmo isso...
Beijinhos catdog
Só quem não o sentiu na pele...
Beijinhos também.
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