segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Beco da taberna

Sinto no ar o cheiro do pão acabado de fazer quando chego da noite queimada de bar em bar.
O pavimento a oscilar e eu em busca do equilíbrio necessário para não fazer má figura. O fio de prumo interior a traçar uma diagonal imaginária, concentro-me no candeeiro de rua e encontro o alinhamento possível. Passo a passo, rumo à porta onde te vejo abraçada a um vulto com pinta de abstémio. Passo a passo, tropeção, vou tomando a decisão menos acertada porque já não és minha namorada e eu nem tenho ciúmes de ti ou de qualquer outra mulher.

Acordo mais tarde no chão e tenho desenhada uma mão a vermelho no rosto, corado à bruta pela força da razão nenhuma que me perdeu nesse dia.

Olho de soslaio para o grupo reduzido de mirones, a dignidade possível num destroço erguido como um colosso da pedra da calçada. A padaria abandonada à necessidade de dormir.

Ou talvez apenas fugir. Da sombra da minha estupidez.

2 comentários:

Artemisa disse...

Acabou mal a noite, sem necessidade...o orgulho por vezes é mau conselheiro, especialmente quando está ébrio :-(

CatDog disse...

Há fases assim na vida das pessoas.
E depois algumas têm a sorte de levarem da vida o estalo necessário para romperem o ciclo e tocarem a reunir...