Há um homem que corre ao fundo desta avenida. Parece fugir de uma vida, pois nem por uma vez se volta para trás.
Parece sentir-se capaz de escapar a uma realidade qualquer, um problema financeiro ou o amor por uma mulher errada, o homem que corre ao longo desta estrada sem medo dos carros que o ladeiam no alcatrão.
Acabo de cruzar com ele o meu olhar curioso e acho sem dúvida espantoso o seu ar de quem tenta conjugar alívio e aflição. Parece ter perdido a razão algures, provavelmente nos bastidores do seu dilema, mas não consigo sentir pena da aparente demência que lhe preserva a consciência de alguns dolorosos beliscões.
Há um homem que corre para fugir às emoções demasiadas, indiferente a quais as estradas que precise palmilhar para atingir um lugar calmo e seguro, pois no mapa do seu futuro multiplicam-se as incógnitas.
E eu acabo de me cruzar com ele, corremos em direcções opostas.
Talvez, quem sabe, em busca das mesmas respostas...
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7 comentários:
Duas reacções distintas para emoções semelhantes...há quem fuja das emoções, sentindo-as demasiado perto, demasiado em si mesmas, e há aqueles que as abraçam, sentindo-as até ao mais ínfimo do seu ser...a dor, a tristeza e a raiva, mas também a felicidade, a paixão e a alegria.
É um caminho que se escolhe, dizem uns, é algo que já está predestinado, dizem outros...
Eu digo que seve jogar com as cartas que nos dão, e fazer com elas o melhor jogo que conseguirmos...um pouco de ambos, portanto.
Fascinante, sem dúvida :-)
As escolhas são escassas, pois é o acaso (braço dado com as conjunturas) que determina a maioria dos caminhos a seguir...
Além disso, há quem guarde os trunfos na manga e quem faça bluff sem ter nada na mão para jogar.
Fascinante mas sempre arriscado. E aliciante também nessa perspectiva, como se subentende das tuas palavras.
Sorte e saber, como em tudo. :-)
Há tanta gente a percorrer vias de duplo sentido... tantas...
Daí tanto engarrafamento das emoções, tanta via congestionada de medos, de hesitações e de fugas em frente para a banalização, Olá!!.
Complicamos demais...
E ainda por cima tive de atravessar a ponte a nado ... não pode ser...
beijos
Disse atravessar a ponte a nado????
Estava bebada, nem sei nadar ;)))
Atravessar a nado porque a ponte ruiu era o que queria dizer, coisas que cada vez acontecem mais...
E é precisamente para evitar alguma desgraça que submeto quem visita esta minha cidade a tal inconveniência, as obras de conservação.
Antes isso do que arriscar um trajecto em condições precárias... :-)
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