segunda-feira, 3 de março de 2008

Rua do mercado

Percorro a teu lado a rua do mercado como um puto feliz. Noto, confiante, a forma como sorris e sinto presente uma agradável empatia.

Alimento essa magia com um momento irresistível de humor enquanto nos vejo a fazer o amor num compartimento isolado do meu cérebro dividido em dois. Um trocadilho hilariante e o silêncio depois, enquanto parecemos pausar no sentido de tomar a decisão que se impõe.


A hesitação que se interpõe naquele hiato, confrontados com o facto inquestionável de o outro ser tão desejável mas existirem as múltiplas barreiras que se constituem impedimento quando se aproxima o momento de avançar com determinação.

O constrangimento da situação que ameaça destruir as hipóteses de se consumar este apelo poderoso e eu muito ansioso por encontrar a frase mais certa, a abordagem mais correcta para espantar os fantasmas que nos possam impedir.


A pressão que ameaça entupir a verbalização de um desejo incontido, o olhar tão distraído a revelar-te o quanto te quero nesse instante. A alusão aos sinais do destino que nos indicam o caminho, com o ar de quem até acredita nessas coisas, até à colisão frontal com o indicador de trânsito em metal que desfaz a pose enquanto te desmancha em gargalhadas.

A seta branca em fundo azul, sentido obrigatório, apontada por coincidência para a rua onde uma casa nos aguarda para concretizarmos enfim aquilo que o destino assinalou em mim, num dos lados da cabeça.

Os teus beijos a fazer com que esqueça a dor do hematoma, os dois deitados numa cama onde irá acontecer aquilo que estava afinal predestinado no sinal abalroado.

E na chispa que de repente incendiou o teu olhar.

2 comentários:

Olá!! disse...

o que tem de ser, tem muita força

CatDog disse...

E a gente deixa-se ir, que remédio...
:-)