Confrontas-me com esse olhar de quem pretende devorar-me (a alma) numa fracção de segundo, todo o tempo do mundo concentrado num simples cruzar de caminhos que nos dispara o coração como a válvula de um esquentador.
Água quente de um rio no colo de uma nascente sua mãe. Lágrimas doces que pingam de ti e explodem de luz no cumprimento reflexo ao sol, como se ilumina o meu sorriso à tua passagem numa sentida homenagem a esta generosa porção de uma poderosa emoção que não nos abranda sequer a passada.
Saltos altos na calçada, feminina, percorres a rua com um ar determinado.
E eu sigo, conquistado, degustando na memória o prazer visual.
Imaginando esta curta mas feliz história com um outro final...
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6 comentários:
gaja poderosa :)
Um segundo basta, e um olhar é suficiente para te mostrar o que poderia acontecer se as circunstâncias fossem outras...assim mantém-se o mistério, e fica na tua imaginação o desfecho daquilo que não chegou a ser :-)
Às vezes é mais marcante assim.
Que as há, Mika. :-)
Quando acontece é uma delícia, não é?
E dá pano para mangas em termos de especulação (o que aconteceria se...).
No entanto, as poucas vezes em que me armei em maluco e tentei agarrar o momento ele acabou por explodir-me na cara como uma bolha de sabão. :-)
Também a mim...
As minhas divagações vão sempre muito mais longe, ou será a realidade que fica aquém das expectativas...? Porventura a fasquia está demasiado alta, ou talvez tenha já perdido a capacidade de me surpreender...e de ser surpreendida :-)
Às vezes confronto-me com esse tipo de interrogações, Artemisa.
É difícil tapar o rosto sem destapar os pés, quando elevamos a fasquia ao ponto que acreditamos ser o nosso ideal...
E depois temos que procurar equilíbrios complicados, cedências perante nós próprios e os outros que vão permitindo essa inevitável gestão dos compromissos inevitáveis e necessários.
Já quanto à capacidade de surpreendermos e sermos surpreendidos acho que é mais uma questão de disponibilidade e de motivação. Disponíveis para os insólitos nos outros e motivados para produzirmos a nossa irreverente surpresa mais ou menos radical. ;-)
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