Marcas a hesitação com o pêndulo de uma emoção desgovernada, numa hora a amada que despi e agora a menina assustada que me expulsa de ti, a outra que me quer.
E eu deixo-me arrastar, infantil, pela maré que criam as tuas luas e percorro sozinho as ruas em busca de consolos de circunstância que só me acicatam a tua falta, ainda mais.
Regresso sem orgulho, rastejo aos meus olhos e aos teus. O amor que te tenho calado, para minha defesa, simulado por detrás de uma espécie de véu que me priva desse céu na tua boca que sorri quando percebes o que senti enquanto deambulava a ira passageira.
Dispara o coração, de tal maneira acelerado pela privação que o acobarda ao ponto de me humilhar perante ti e eu perceber que é de vez, atraiçoado pela lucidez que me impede de fugir da vergonha também. Da expressão vencedora que tem esse olhar de matadora que me revolta.
Mas a paixão logo sufoca a rebelião com um beijo de fogo e os corpos tombados na cama onde por certo vingarei o vexame como um homem que não te ame tanto como eu, nem verdadeiramente te queira sequer.
Ou como outro qualquer.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
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