terça-feira, 3 de junho de 2008

Vista de fora

Ao longe a cidade brilha sob um halo alaranjado de luz que lhe pinta o céu da madrugada, formando como que uma cúpula assinalada por um gigantesco letreiro de neon. E eu hesito e não avanço, preciso de espaço entre mim e aquele tapete de casas que cobre o mesmo chão onde antes cresciam as árvores e agora apenas medram habitáculos de betão.

Ao longe a cidade zune um som imperceptível que me evoca a sua respiração, ofegante, sob o manto de poluição sufocante que asfixia uma população cada vez mais vazia de vontade e menos dotada de capacidade para suportar as agressões de que uma cidade é capaz.

Ao longe a cidade que nos faz sentir periféricos nos subúrbios da emoção enquanto se instala arrogante no centro da nossa atenção.

4 comentários:

M disse...

Todas as cidades têm ciclos de luz e ciclos de urbanização desenfreada e poluição: cabe-nos a nós levantar a voz para que a decadência não surja irreparável, sem luta.
Beijinhos e uma óptima semana para ti também!
(afinal o trabalho também te doi a ti! :p)

CatDog disse...

(Doi, pois, munto, munto...)
Eu sou flor de asfalto, aquilo é uma metáfora às tantas.
:)

M disse...

Flor do asfalto, que bonito! lol

CatDog, ralha à vontade que eu não me importo, mas estás desafiado.

Váaaaaaaaa... também me custou a mim, ou achas que as palavras em mim têm geração espontânea? lol

***

Anónimo disse...

Não esqueci, mas é obra...